Arq. Bras. Cardiol. 2025; 122(1): e20240487

Características Associadas à Fibrilação Atrial Prevalente e Perfil de Risco para Fibrilação Atrial Incidente em uma População Idosa do ELSA-Brasil

Bernardo Boccalon ORCID logo , Murilo Foppa, Luisa C.C Brant ORCID logo , Marcelo M. Pinto Filho ORCID logo , Antonio L. Ribeiro ORCID logo , Bruce B. Duncan, Angela Barreto Santiago Santos ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20240487

Este Artigo Original é referido pelo Minieditorial "Aspectos Atuais da Fibrilação Atrial no Estudo ELSA-Brasil".

Resumo

Fundamento

A fibrilação atrial (FA) é uma arritmia que causa sintomas significativos e aumenta o risco de complicações.

Objetivos

Avaliar a associação de parâmetros clínicos, eletrocardiográficos e ecocardiográficos com fibrilação ou flutter atrial (FFA) prevalente e avaliar o perfil de risco para FFA incidente utilizando os escores de predição de FA CHARGE-AF e EHR em uma população idosa de um país em desenvolvimento.

Métodos

Incluímos todos os participantes do ELSA-Brasil com 60 anos ou mais cujo diagnóstico de FFA pôde ser definido por autorrelato ou eletrocardiograma e que tiveram ecocardiografia realizada na linha de base do estudo. Para a análise estatística, foram considerados estatisticamente significativos os resultados com valores de p < 0,05.

Resultados

Dos 2.088 participantes (65 ± 4,1 anos; 53% mulheres), 88 (4,2%) tinham FFA. Aqueles com FFA eram mais velhos e tinham maiores taxas de insuficiência cardíaca (IC), infarto do miocárdio prévio, bloqueio de ramo esquerdo (BRE), intervalo QT prolongado, extrassístoles supraventriculares e bradicardia sinusal. Esses pacientes também apresentavam maiores dimensões do átrio esquerdo e do ventrículo esquerdo e menor fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). A análise multivariada mostrou que insuficiência cardíaca, BRE, átrio esquerdo maior e FEVE menor estavam independentemente associados com FFA. O risco de 5 anos para FFA incidente foi baixo (< 2,5%) em 63% e alto (> 5%) em 12% dos indivíduos de acordo com o escore CHARGE-AF, e baixo em 67% e alto em 13% de acordo com o EHR.

Conclusão

A FFA foi encontrada em 4,2% da presente coorte brasileira idosa. A FFA foi associada ao histórico de insuficiência cardíaca, BRE, dilatação do átrio esquerdo e FEVE reduzida. Adicionalmente, 12% a 13% dos pacientes em ritmo sinusal estavam em alto risco para FFA. O monitoramento de parâmetros clínicos, eletrocardiográficos e ecocardiográficos pode auxiliar na identificação precoce de indivíduos de alto risco.

Características Associadas à Fibrilação Atrial Prevalente e Perfil de Risco para Fibrilação Atrial Incidente em uma População Idosa do ELSA-Brasil

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