Arq. Bras. Cardiol. 2017; 108(4): 370-374

Desafios para a Implantação do Primeiro Programa de Rastreamento da Cardiopatia Reumática em Larga Escala no Brasil: A Experiência do Estudo PROVAR

Julia Pereira Afonso dos Santos, Gabriel Assis Lopes do Carmo, Andrea Zawacki Beaton, Tainá Vitti Lourenço, Adriana Costa Diamantino, Maria do Carmo Pereira Nunes, Craig Sable, Bruno Ramos Nascimento

DOI: 10.5935/abc.20170047

Introdução

Cardiopatia reumática (CR) é a consequência cardíaca da febre reumática aguda (FRA), doença inflamatória causada pela faringite estreptocócica. Embora a prevalência de CR esteja diminuindo em países de alto poder aquisitivo, o subdesenvolvimento econômico e social e prevenção primária deficiente principalmente em países de poder aquisitivo baixo e médio – perpetuam um cenário em que a CR permanece endêmica. Estima-se que a CR ainda afete aproximadamente 33 milhões de pessoas no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a CR é responsável por 1-1,5% de todas as mortes cardiovasculares e 3-4% de Expectativa de Vida Corrigida por Incapacidade (EVCI/DALYs) cardiovascular. No Brasil, de acordo com o SUS (Sistema Único de Saúde), entre 2008 e 2015, houve um total de 26.054 hospitalizações por FRA (45% com comprometimento cardíaco), e o custo total para o SUS foi de US$ 3,5 milhões, sendo este valor esse provavelmente subestimado.

O maior impacto representado pela CR para sistemas públicos de saúde consiste de repetidas hospitalizações e cirurgias cardíacas necessárias décadas após o comprometimento cardíaco inicial. Quando a CR é detectada precocemente, a profilaxia secundária (injeções regulares de penicilina) pode ser iniciada para prevenir novos episódios de FRA, evitando, assim, danos valvares e progressão da CR. Em regiões de alta prevalência, a CR preenche os critérios de rastreamento definidos por Wilson e Jungner, embora a significância clínica de longo prazo da CR latente ainda não esteja clara. Todavia, estudos prévios demonstraram que em 38 a 68% dos pacientes assintomáticos com CR, achados ecocardiográficos mostram que anormalidades persistem, e progridem em 4 a 16%, reforçando a importância do diagnóstico precoce em populações suscetíveis.

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Desafios para a Implantação do Primeiro Programa de Rastreamento da Cardiopatia Reumática em Larga Escala no Brasil: A Experiência do Estudo PROVAR

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