Arq. Bras. Cardiol. 2024; 121(2): e20230524

Diferenças Étnicas na Sobrevida entre Medalhistas Olímpicos Brasileiros da Era Moderna de 1920 a 1992: Um Estudo de Coorte

Fabricio Braga ORCID logo , Paula de Medeiros, Ana Carolina Neno, Diogo Meira, João Magalhães, Michael S. Emery

DOI: 10.36660/abc.20230524

Este Artigo Original é referido pelo Minieditorial "Disparidades Étnicas na Longevidade dos Medalhistas Olímpicos Brasileiros".

Resumo

Fundamento:

As disparidades nos resultados de saúde entre grupos raciais merecem investigação, mesmo em atletas de elite. Portanto, compreender o impacto da raça na sobrevida pós-medalha em atletas olímpicos brasileiros torna-se essencial.

Objetivo:

Comparar a sobrevida pós-medalha entre medalhistas olímpicos brasileiros brancos e não brancos de 1920 a 1992.

Métodos:

Utilizamos dados disponíveis publicamente para um estudo de coorte retrospectivo de todos os medalhistas olímpicos brasileiros de 1920 a 1992 (somente homens). Os atletas foram classificados nos grupos brancos e não brancos usando determinação estruturada de etnia. As análises de Kaplan-Meier calcularam o tempo médio de sobrevida restrito (TMSR) para cada grupo étnico. Uma análise de riscos proporcionais de Cox avaliou as diferenças de sobrevida baseadas na etnia, ajustando para a idade da conquista da medalha e ano de nascimento (p<0,05).

Resultados:

Entre 123 atletas (73,9% brancos), a idade média da conquista de medalhas foi de 25,03 ± 4,8 anos. Durante o estudo, 18,7% dos atletas brancos e 37,5% dos atletas não brancos morreram (p=0,031). Os atletas brancos tiveram média de idade ao óbito de 75,10 ± 18,01 anos, enquanto os atletas não brancos tiveram idade média de 67,13 ± 14,90 anos (p=0,109). O TMSR para atletas brancos foi de 51,59 (IC 95%, 49,79 – 53,39) anos, e para atletas não brancos foi de 45,026 (IC 95%, 41,31 – 48,74) anos, resultando em um ΔTMSR de 6,56 (IC 95%, 2,43 – 10,70; p=0,0018). A análise multivariada mostrou que atletas não brancos apresentavam maior risco de mortalidade do que atletas brancos (RC 5,58; IC 95%, 2,18 – 14,31).

Conclusão:

Após a primeira medalha, os atletas olímpicos brasileiros brancos normalmente desfrutam de uma expectativa de vida seis anos mais longa do que seus colegas não brancos, ilustrando uma acentuada diferença de mortalidade e disparidades de saúde entre indivíduos saudáveis no Brasil.

Diferenças Étnicas na Sobrevida entre Medalhistas Olímpicos Brasileiros da Era Moderna de 1920 a 1992: Um Estudo de Coorte

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