Arq. Bras. Cardiol. 2019; 113(6): 1104-1111
Impacto do Implante Percutâneo de Válvula Aórtica na Função Renal
Este Artigos Originais é referido pelo Minieditorial "Impacto do Implante da Válvula Aórtica Transcateter na Função Renal: A Interação “Renovalvular” na Estenose Aórtica".
Fundamento:
Pacientes com doença valvar aórtica frequentemente apresentam doença renal crônica (DRC). Diminuição da perfusão renal como consequência da redução do débito cardíaco pode contribuir para a disfunção renal neste cenário.
Objetivo:
Dado o potencial de reversibilidade da hipoperfusão renal após o reparo valvar, este estudo teve o objetivo de analisar o impacto do implante percutâneo de válvula aórtica (TAVI – transcatheter aortic valve implantation) na função renal.
Métodos:
Foi realizada uma análise retrospectiva de 233 pacientes consecutivos submetidos ao TAVI em um único centro, entre novembro de 2008 e maio de 2016. Três grupos foram avaliados de acordo com a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) basal (mL/min/1,73 m2): Grupo 1 com TFGe ? 60; Grupo 2 com 30 ? TFGe < 60; e Grupo 3 com TFGe < 30. O TFGe foi analisado nestes três grupos um mês e um ano após o TAVI e calculado usando a fórmula do Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI).
Resultados:
Os pacientes do Grupo 1 tiveram um declínio progressivo da TFGe um ano após o procedimento TAVI (p < 0,001 vs. pré-TAVI). Nos pacientes do Grupo 2, a média da TFGe aumentou um mês depois do TAVI e continuou crescendo depois de um ano (p = 0,001 vs. pré-TAVI). O mesmo ocorreu no Grupo 3, com a média da TFGe subindo de 24,4 ± 5,1 mL/min/1,73 m2 antes do TAVI para 38,4 ± 18,8 mL/min/1,73 m2 um ano após o TAVI (p = 0,012).
Conclusões:
Em pacientes com DRC moderada a grave, a função renal melhorou um ano após o procedimento TAVI. Este resultado é provavelmente devido à melhora da perfusão renal pós-procedimento. Acredita-se que, ao avaliar pacientes que possam precisar de TAVI, este ‘efeito de reversibilidade da DRC’ deva ser considerado.
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