Arq. Bras. Cardiol. 2025; 112(10): e20250244
Impacto dos Baixos Níveis de Testosterona e SHBG sobre o Risco de Insuficiência Cardíaca: Uma Revisão Sistemática e Metanálise
Resumo
Fundamento
Estudos sugerem uma possível associação entre baixos níveis de testosterona e globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) e desfechos cardiovasculares adversos. No entanto, essa relação ainda não está claramente definida.
Objetivos
Esta revisão sistemática teve como objetivo avaliar o valor preditivo dos níveis basais de testosterona, di-hidrotestosterona (DHT) e SHBG para a incidência de insuficiência cardíaca (IC), oferecendo uma compreensão mais aprofundada da influência hormonal sobre o risco de IC.
Métodos
Realizamos uma busca abrangente nas bases de dados MEDLINE, Scopus e Web of Science para identificar estudos de coorte e estudos caso-controle aninhados que mediram os níveis hormonais em adultos sem diagnóstico prévio de IC. O risco de viés foi avaliado utilizando a ferramenta ROBINS-E. Razões de risco (hazard risks, HRs) e razões de chances (odds ratios, ORs) agrupadas foram estimadas por meio de modelos bivariados de efeitos aleatórios. Um nível de significância estatística de 0,05 foi adotado para todas as análises.
Resultados
Dos 1209 artigos analisados, 738 permaneceram após a remoção de duplicatas. Seis estudos, totalizando 233 474 participantes (11 663 mulheres), atenderam aos critérios de inclusão. A redução de um desvio padrão nos níveis de testosterona foi modestamente associada ao aumento do risco de IC em homens (HR: 1,10; IC 95%: 1,03–1,17), mas não em mulheres (HR: 1,05; IC 95%: 0,98–1,16). Comparações entre quartis ou quintis não revelaram associações significativas, e os níveis de SHBG não foram preditores relevantes do risco de IC. A análise bayesiana forneceu evidência fraca para essa associação (fator de Bayes = 0,99).
Conclusões
Esta metanálise sugere que níveis baixos de testosterona estão modestamente associados ao aumento do risco de IC em homens, destacando um aspecto potencialmente importante, porém pouco explorado, da saúde cardiovascular. A heterogeneidade nos desenhos dos estudos e nas características das populações, juntamente com as associações fracas observadas, reforça a necessidade de investigações mais rigorosas. Ensaios clínicos randomizados bem estruturados são essenciais para confirmar esses achados e esclarecer os mecanismos biológicos subjacentes.
Palavras-chave: Biomarcadores; Fatores de Risco; Insuficiência Cardíaca; Testosterona
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