Arq. Bras. Cardiol. 2019; 112(2): 193-200

O Ano de 2018 em Cardiologia: Uma Visão Geral da ABC Cardiol e RPC

Ricardo Fontes-Carvalho, Glaucia Maria Moraes de Oliveira ORCID logo , Lino Gonçalves ORCID logo , Carlos Eduardo Rochitte ORCID logo

DOI: 10.5935/abc.20190015

Doença arterial coronariana

Em 2018, a Rev Port Cardiol publicou os resultados de 15 anos do Registro Português de Síndromes Coronarianas Agudas (PorACS). Este é um registro multicêntrico e contínuo que já envolveu mais de 45.000 eventos, de 45 centros. É um dos maiores registros nacionais nesta área, excedido apenas pelos registros SWEDEHEART e MINAP. Este artigo fornece informações muito importantes sobre a epidemiologia e a evolução dos padrões de tratamento da SCA. Primeiro, demonstra-se que o perfil clínico dos pacientes com SCA mudou pouco ao longo dos anos e a proporção de infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCST) permaneceu estável (45%). Mais importante, ao longo dos anos ocorreu grande melhora da qualidade geral dos cuidados da SCA. Por exemplo, mais de 85% dos pacientes com IAMCST em Portugal recebem atualmente terapia de reperfusão, que é principalmente realizada por ICP primária (apenas 5,2% foram submetidos a trombólise). Essa melhora nos cuidados de SCA traduziu-se em uma notável redução da mortalidade intra-hospitalar, que passou de 6,7% em 2002 para 2,5% em 2016. Portanto, a comunidade cardiovascular deve ser reconhecida por essa conquista notável. No entanto, o trabalho não está concluído, e este estudo também mostrou lacunas importantes nos cuidados da SCA que devem ser abordadas. Infelizmente, o tempo para reperfusão não melhorou suficientemente e há uma necessidade urgente de melhorar tanto o tempo de “retardo do paciente” como o de “retardo do sistema”.

Em outro artigo interessante publicado em 2018, Pereira H. et al. avaliaram, em 994 pacientes com suspeita de IAMCST, os determinantes do tempo de retardo do paciente no sistema de saúde português. Embora a maioria dos sistemas de saúde concentre suas medidas de desempenho na avaliação do “tempo porta-balão”, é importante entender e abordar as razões desse “tempo de retardo do paciente”, que significa o tempo entre o início dos sintomas e o primeiro contato com o médico. Os pesquisadores observaram que o tempo de retardo do paciente era muito longo (cerca de 120 minutos) e identificaram cinco preditores de aumento no tempo de retardo do paciente: 1) idade>75 anos; 2) início dos sintomas entre 0:00 e 8:00 da manhã; 3) atendimento em uma unidade de atenção primária antes do primeiro contato médico; 4) não ligar para o número de emergência médica nacional; e 5) autotransporte para o setor de emergência. Portanto, este artigo fornece informações importantes para planejar campanhas mais eficazes direcionadas ao paciente que possam diminuir o tempo de retardo do paciente, e melhorar o tratamento e o prognóstico do IAMCST.

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O Ano de 2018 em Cardiologia: Uma Visão Geral da ABC Cardiol e RPC

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