Arq. Bras. Cardiol. 2025; 122(5): e20240664
O Sexo Feminino está Associado à Mortalidade na Cirurgia de Revascularização do Miocárdio?
Este Artigo Original é referido pelo Minieditorial "Nada sobre as Mulheres, sem as Mulheres, é para as Mulheres".
Resumo
Fundamento
Mulheres submetidas à cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) apresentam piores desfechos intra-hospitalares, mas não está claro se essas diferenças são atribuídas ao sexo ou a fatores clínicos.
Objetivo
Comparar os desfechos intra-hospitalares entre mulheres e homens submetidos à CRM.
Métodos
Este estudo observacional, unicêntrico e retrospectivo analisou dados de 9.845 pacientes submetidos à CRM entre 1995 e 2022; dentre eles, 1.947 (19,8%) eram mulheres. Para avaliar o sexo feminino como fator prognóstico de mortalidade intra-hospitalar, foram realizadas análises estatísticas descritivas, regressões logísticas univariada e multivariada e pareamento por escore de propensão. O nível de significância foi estabelecido em 5%.
Resultados
Mulheres apresentaram maior idade (66,7 vs 62,19 anos, p<0,001), menor índice de massa corporal (26,91 vs 27,64, p<0,001) e maior prevalência de diabetes melito (34,0% vs 31,6%, p=0,045). Elas também tiveram maior tempo de internação (14,84 vs 13,13 dias, p<0,001) e maior mortalidade operatória (4,8% vs 2,4%, p<0,001). Após regressão logística, o sexo feminino foi associado à maior mortalidade (OR: 1,51, IC 95%: 1,15-1,99, p=0,003). Após o pareamento, não houve diferença significativa na mortalidade (OR: 1,20, IC 95%: 0,88-1,64, p=0,241), porém o tempo de internação permaneceu maior entre as mulheres.
Conclusão
Ao se igualarem os fatores clínicos entre homens e mulheres por meio do pareamento, as diferenças na mortalidade desaparecem. Isso sugere que intervenções voltadas à redução das disparidades podem ser eficazes para melhorar os desfechos de mortalidade em mulheres submetidas à CRM.
Palavras-chave: Mortalidade Hospitalar; Mulheres; Procedimentos Cirúrgicos Cardiovasculares
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