Arq. Bras. Cardiol. 2024; 121(9): e20230875
Prognóstico de Pacientes Chagásicos e não Chagásicos Submetidos a Implante de Marca-passo e Ressincronizador Cardíaco em Centro Terciário
Este Artigo Original é referido pelo Minieditorial "Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis em Chagásicos e Não-Chagásicos: Um Olhar Crítico sobre o Prognóstico".
Resumo
Fundamento:
A cardiomiopatia chagásica (CCh) é responsável pelo implante de marca-passo (MP) em muitos pacientes, tendo sido associada a prognóstico adverso.
Objetivos:
Comparar o prognóstico da população chagásica e não chagásica submetida ao implante de MP e ressincronizador cardíaco.
Métodos:
Estudo observacional, retrospectivo, que analisou coorte de pacientes submetidos a implante desses dispositivos, em centro terciário, de outubro 2007 a dezembro de 2017, comparando o grupo de pacientes chagásicos com os não-chagásicos. O método não paramétrico de Kaplan-Meier foi utilizado para calcular a sobrevida dos pacientes. O nível de significância adotado na análise estatística foi de 5%. O desfecho primário foi a mortalidade por qualquer causa, enquanto os desfechos secundários foram a ocorrência de internação e o desfecho combinado internação e morte.
Resultados:
Um total de 911 pacientes foram incluídos, sendo que 23,4% apresentavam CCh. Em análise de Cox ajustada por sexo e idade, a doença de Chagas (dCh) não esteve associada ao risco aumentado de morte (HR: 1,14, IC:95%, 0,86-1,51, p=0,365), internação (HR: 0,79, IC:95%, 0,61-1,04, p=0,09) ou desfecho combinado morte e internação (HR: 0,90, IC:95%, 0,72-1,12, p=0,49).
Conclusões:
A dCh não se associou ao aumento do risco de morte, internação, ou desfecho combinado morte e internação, mesmo após ajuste para sexo e idade. Tais resultados se contrapõem aos de estudos prévios e sugerem modificação da qualidade do cuidado ao paciente cardiopata.
Palavras-chave: Cardiomiopatia Chagásica; Estimulação Cardíaca Artificial; Marca-Passo Artificial
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