Arq. Bras. Cardiol. 2021; 116(3): 501-503
Quais os Valores de Normalidade mais Adequados para Monitorização Residencial da Pressão Arterial?
Introdução
O diagnóstico de hipertensão arterial (HA) habitualmente se baseia em medidas de pressão arterial (PA) obtidas no consultório. Esta estratégia, entretanto, pode subestimar ou superestimar a verdadeira prevalência de HA devido à presença de fenótipos alternativos, como HA mascarada e HA do avental branco. Neste contexto, as diretrizes atuais de HA têm recomendado, quando possível, a realização de medidas de PA fora do consultório, seja por meio da monitorização ambulatorial da PA (MAPA) ou da monitorização residencial da PA (MRPA), para a confirmação da HA e manuseio mais adequado do paciente.–
Valores de MRPA utilizados para definir HA começaram a ser propostos de forma mais consensual a partir do final da década de 1990. Em 1998, resultados de uma metanálise de 17 estudos envolvendo 5.422 participantes não tratados com medicações anti-hipertensivas sugeriram que valores elevados de MRPA fossem ≥ 137/89 mmHg ou ≥ 135/86 mmHg quando calculados a partir das médias + 2 desvios padrões ou dos percentis 95, respectivamente. No ano seguinte, a análise de 2.401 indivíduos normotensos no consultório estimou que valores elevados de MRPA fossem ≥ 137/85 mmHg a partir do cálculo dos percentis 95. Além disto, uma avaliação de 1.913 participantes (69% não tratados) do Estudo de Ohasama mostrou que valores de MRPA ≥ 137/84 mmHg se associaram com maior risco de morte após um seguimento médio de 5 anos. Os valores de referência propostos por estes estudos foram arredondados e embasaram a recomendação em diretrizes subsequentes de que medidas de MRPA fossem consideradas anormais quando maiores ou iguais a 135/85 mmHg., Estes valores de referência (135/85 mmHg) foram então incorporados à prática clínica e têm sido recomendados para determinar a presença de valores anormais de MRPA por diretrizes recentes de diversas sociedades, incluindo a 7a Diretriz Brasileira de HA, publicada em 2016, e as 6ᵃ Diretrizes Brasileiras de MAPA e 4ᵃ Diretrizes de MRPA, publicadas em 2018.
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