Arq. Bras. Cardiol. 2022; 118(4): 680-691

Relação da Função Pulmonar e da Força Inspiratória com Capacidade Aeróbica e com Prognóstico na Insuficiência Cardíaca

Sergio Henrique Rodolpho Ramalho ORCID logo , Alexandra Correa Gervazoni Balbuena de Lima, Fabiola Maria Ferreira da Silva, Fausto Stauffer Junqueira de Souza, Lawrence Patrick Cahalin, Graziella França Bernardelli Cipriano, Gerson Cipriano Junior ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20201130

Este Artigo Original é referido pelo Minieditorial "Função Pulmonar e Força Muscular Inspiratória na Insuficiência Cardíaca: Elas Podem ser Consideradas Potenciais Marcadores Prognósticos?".

Resumo

Fundamento

A espirometria é subutilizada na insuficiência cardíaca (IC) e não está claro o grau de associação de cada defeito com a capacidade de exercício e com o prognóstico desses pacientes.

Objetivo

Determinar a relação da %CVF prevista (ppCVF) e do VEF1/CVF contínuos com: 1) pressão inspiratória máxima (PImáx), fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) e desempenho ao exercício; e 2) prognóstico, para o desfecho composto de morte cardiovascular, transplante cardíaco ou implante de dispositivo de assistência ventricular.

Métodos

Coorte de 111 participantes com IC (estágios AHA C/D) sem pneumopatia; foram submetidos a espirometria, manovacuometria e teste cardiopulmonar máximo. As magnitudes de associação foram verificadas por regressões lineares e de Cox (HR; IC 95%), ajustadas para idade/sexo, e p <0,05 foi considerado significativo.

Resultados

Com idade média 57±12 anos, 60% eram homens, 64% em NYHAIII. A cada aumento de 10% no VEF1/CVF [β 7% (IC 95%: 3-10)] e no ppCVF [4% (2-6)], foi associado à reserva ventilatória (VRes); no entanto, apenas o ppCVF associado à PImáx [3,8cmH2O (0,3-7,3)], à fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) [2,1% (0,5-3,8)] e ao VO2 pico [0,5mL/kg/min (0,1-1,0)], considerando idade/sexo. Em 2,2 anos (média), ocorreram 22 eventos; tanto FEV1/FVC (HR 1,44; IC 95%: 0,97-2,13) quanto ppCVF (HR 1,13; 0,89-1,43) não foram associados ao desfecho. Apenas no subgrupo FEVE ≤50% (n=87, 20 eventos), VEF1/CVF (HR 1,50; 1,01-2,23), mas não ppCVF, foi associado a risco.

Conclusão

Na IC crônica, ppCVF reduzido associou-se a menor PImáx, FEVE, VRes e VO2 pico, mas não distinguiu pior prognóstico em 2,2 anos de acompanhamento. Entretanto, VEF1/CVF associou-se apenas com VRes, e, em participantes com FEVE ≤50%, o VEF1/CVF reduzido mostrou pior prognóstico proporcional. Portanto, VEF1/CVF e ppFVC contribuem para melhor fenotipagem de pacientes com IC.

Relação da Função Pulmonar e da Força Inspiratória com Capacidade Aeróbica e com Prognóstico na Insuficiência Cardíaca

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