Arq. Bras. Cardiol. 2025; 122(9): e20250094

Resiliência Cardiopulmonar em Indivíduos Altamente Ativos: Análise de Testes de Esforço Cardiopulmonar Pré e Pós-Covid-19

Fabrício Braga, Gabriel Espinosa, Amanda Monteiro, Mauricio Milani ORCID logo , Juliana Paiva, Juliana Goulart Prata Oliveira Milani, Leandro Franzoni ORCID logo , Ricardo Stein, Gerson Cipriano Jr. ORCID logo , Jonas Lírio Gurgel, Ricardo Mourilhe-Rocha ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20250094

Este Artigo Original é referido pelo Minieditorial "Análise do Teste de Esforço Cardiopulmonar no Pré e Pós-COVID-19".

Resumo

Fundamento:

A pandemia de covid-19 afetou milhões de pessoas em todo o mundo, com impactos persistentes que se estendem além da fase aguda. Um desses efeitos é a condição conhecida como pós-covid (ou covid longa), caracterizada por sintomas como fadiga e intolerância ao exercício com duração superior a 60 dias. Embora o exercício físico regular esteja associado à redução do risco de desfechos graves, relatos de queda no desempenho atlético após a infecção — mesmo entre indivíduos altamente ativos (IAAs) — têm gerado preocupações quanto aos efeitos de longo prazo sobre a saúde física. O teste de esforço cardiopulmonar (TECP) é uma ferramenta valiosa para avaliar a intolerância ao exercício e investigar as consequências metabólicas e ventilatórias da covid-19.

Objetivo:

Avaliar o impacto da covid-19 na função cardiopulmonar de IAAs por meio da análise das respostas metabólicas e ventilatórias obtidas em TECP realizado antes e após a infecção.

Métodos:

Foram analisados retrospectivamente dados de TECP de IAAs de ambos os sexos. Os desfechos primários incluíram alterações no consumo máximo de oxigênio (O2pico) e na eficiência ventilatória (relação E/CO2). O nível de significância estatística foi estabelecido em 5% (p < 0,05).

Resultados:

Foram incluídos 43 IAAs (72,1% do sexo masculino; 44 ± 10 anos). O intervalo mediano entre os testes foi de 479 dias, sendo o segundo TECP realizado em média 44 ± 27 dias após a infecção por covid-19. Observou-se uma redução média de 1,5 ml/kg/min no O2pico (p = 0,017), correspondendo a uma diminuição de 3,84% nos valores previstos de O2pico (p = 0,045). A relação E/CO2 aumentou em média 1,2 (p = 0,017).

Conclusão:

Embora os IAAs não sejam imunes aos efeitos da covid-19, seu elevado nível basal de atividade física parece conferir uma considerável resiliência cardiopulmonar. As alterações observadas após a infecção foram mínimas, sugerindo que a manutenção da aptidão física pode oferecer benefícios protetores contra sequelas prolongadas da doença.

Resiliência Cardiopulmonar em Indivíduos Altamente Ativos: Análise de Testes de Esforço Cardiopulmonar Pré e Pós-Covid-19

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