Arq. Bras. Cardiol. 2023; 120(6): e20230028
Saúde Mental em Cardiologistas – Uma Preocupação Real
Estudo recente mostrou que 1 em cada 4 cardiologistas sofre de distúrbios emocionais incluindo estresse e outras alterações psiquiátricas. Assédio emocional, discriminação, ser divorciado e idade inferior a 55 anos foram fatores predisponentes. O estudo é internacional e incluiu 5931 cardiologistas entrevistados em 2019, abrangendo todos os continentes. Os respondedores à pesquisa representam apenas 8% dos convidados a participarem dela. A maioria são europeus, brancos, casados e com filhos. Indivíduos em começo de carreira foram os mais afetados. A América Latina contribuiu com 17,7% das respostas. Homens constituíram 77,4% da amostra e mulheres, 22,6%. Portanto, trata-se de amostra seleta que pode não representar todo espectro da população cardiológica. Distúrbios emocionais foram relatados por 28% dos entrevistados. Houve considerável variação regional, mas a América do Sul mostrou o maior índice de distúrbios psicológicos, chegando a 39,3%; já na Ásia observaram-se os índices mais baixos (20,1%). Mulheres foram mais propensas a esses distúrbios, mas também procuraram ajuda psicológica com maior frequência. Esse achado corrobora pesquisa anterior que observou que suicídios são mais frequentes entre mulheres médicas do que na população geral.
Outros pesquisadores já haviam documentado diversos distúrbios emocionais entre médicos, tais como ansiedade, depressão, ideação suicida e suicídios. – Por exemplo, pesquisas recentes nos EUA documentaram que 42% dos cardiologistas sofrem de “ burnout ” (exaustão) e 83% tem algum grau de depressão. A COVID-19 acentuou muito esses problemas. O fenômeno é universal e parece afetar especialmente as mulheres. Os achados preocupam porque influenciam o desempenho dos médicos e, portanto, impactam diretamente na prática médica.
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Palavras-chave: Relação Médico-Paciente; Saúde Mental; Suicídio; Terapia Cognitiva Comportamental; Transtornos mentais
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