Arq. Bras. Cardiol. 2025; 122(6): e20240634

Strain Ventricular em uma População Adulta Brasileira do Estudo ELSA-Brasil: Valores de Referência e seus Determinantes

Eduardo Gatti Pianca, Murilo Foppa, Giulia Bevilacqua Schmitz, Wilson Cañon-Montañez, Bruce Bartholow Duncan, Angela Barreto Santiago Santos ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20240634

Este Artigo Original é referido pelo Minieditorial "O Estudo ELSA-Brasil e Nossa Deformação Miocárdica".

Resumo

Fundamento

O comprometimento da função do ventrículo esquerdo (VE) e do ventrículo direito é um importante preditor de risco cardiovascular. O strain longitudinal global (SLG) fornece sensibilidade superior para avaliar a função sistólica em comparação aos parâmetros tradicionais, aumentando a precisão diagnóstica em várias condições cardíacas. No entanto, faltam valores de referência para SLG em diversas populações.

Objetivos

Estabelecer valores de referência para SLGVE e strain longitudinal da parede livre do ventrículo direito (SLPLVD) em uma população multiétnica brasileira sem fatores de risco cardiovascular ou doença. Também exploramos como fatores clínicos e ecocardiográficos influenciam a distribuição do SLG, abordando uma lacuna nas diretrizes globais que geralmente dependem de dados de populações homogêneas ou geograficamente distantes.

Métodos

Incluímos 1.048 participantes da coorte ELSA-Brasil que foram submetidos à ecocardiografia com análise do SLG. Uma subamostra saudável (n = 527) foi definida pela exclusão de indivíduos com doença cardiovascular ou renal, hipertensão ou diabetes para estabelecer intervalos de referência do SLG. A prevalência de SLG anormal foi avaliada, e foram identificados fatores associados à redução de SLGVE e SLPLVD. A significância estatística foi definida como p < 0,05.

Resultados

Na subamostra saudável (idade média de 50,2 anos, 59% do sexo feminino), a média de SLGVE foi de 19,0% (intervalo de confiança de 95%: 14,3 a 23,8), e a média de SLPLVD foi de 28,3% (intervalo de confiança de 95%: 22,3 a 34,3). As mulheres exibiram valores mais altos de SLGVE e SLPLVD do que os homens, sem diferenças significativas relacionadas à idade. Valores anormais de SLGVE e SLPLVD foram observados em 3,8% e 1,6% dos participantes, respectivamente. O SLGVE mais baixo foi associado à obesidade, hipertensão e diabetes; o SLPLVD reduzido foi correlacionado com maior índice de massa corporal e massa do VE.

Conclusões

Propomos valores de referência para SLGVE e SLPLVD em uma grande coorte brasileira, destacando associações com comorbidades cardiovasculares e estrutura ventricular.

Strain Ventricular em uma População Adulta Brasileira do Estudo ELSA-Brasil: Valores de Referência e seus Determinantes

Comentários

Pular para o conteúdo