Arq. Bras. Cardiol. 2025; 122(8): e20240830

Terapias Modificadoras de Doença para a Cardiomiopatia por Amiloidose por Transtirretina: Uma Revisão Sistemática e Metanálise

Ligia Carolina Facin ORCID logo , Igor Pacheco Fiuza Romeiro, Kaushiki Sapahia, Beatriz Austregésilo de Athayde de Hollanda Morais, Juliana Queiroz Vasconcelos Muniz, Juliana Domenes Pereira, Cintia Gomes, Celina Borges Migliavaca, André Zimerman, Andreia Biolo ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20240830

Este Artigo Original é referido pelo Minieditorial "Silenciar ou Estabilizar: Eis a Questão".

Resumo

Fundamento:

A cardiomiopatia por amiloidose por transtirretina (ATTR-CM) é a forma mais comum de cardiomiopatia restritiva. Novas terapias farmacológicas buscam modificar a progressão natural da doença e retardar seu avanço. No entanto, ainda são escassos os dados que comparam diretamente a eficácia das diferentes classes de fármacos em relação ao placebo.

Objetivos:

Esta revisão sistemática e metanálise avaliou a eficácia dos estabilizadores e silenciadores de transtirretina (TTR), em comparação ao placebo, sobre a mortalidade e hospitalizações por todas as causas, desfechos funcionais e níveis do biomarcador NT-proBNP em pacientes com ATTR-CM.

Métodos:

Foram realizadas buscas nas bases de dados PubMed, Embase e Cochrane por ensaios clínicos randomizados (ECRs) publicados até abril de 2025, que avaliaram patisiran, tafamidis, inotersen, revusiran, acoramidis ou vutrisiran versus placebo em pacientes com ATTR-CM. As análises foram estratificadas por classe de fármaco, considerando significância estatística para p<0,05.

Resultados:

Foram incluídos sete ECRs, totalizando 2.526 participantes; 42,5% receberam estabilizadores de TTR e 57,5% receberam silenciadores de TTR. Em comparação ao placebo, os estabilizadores de TTR reduziram significativamente a mortalidade (RR: 0,71; IC 95% 0,59-0,87; p=0,0006) e e hospitalizações (RR: 0,81; IC 95% 0,73-0,89; p<0,0001), ambas por todas as causas. Já os silenciadores de TTR não reduziram significativamente nem a mortalidade (RR: 0,79; IC 95% 0,37-1,68; p=0,54) nem as hospitalizações (RR: 1,11; IC 95% 0,83-1,48; p=0,48). As duas abordagens terapêuticas melhoraram a distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos, a qualidade de vida e reduziram os níveis séricos NT-proBNP.

Conclusão:

Os estabilizadores de TTR reduziram significativamente a mortalidade e as hospitalizações por todas as causas em pacientes com ATTR-CM, em comparação ao placebo. Esses benefícios não foram observados com os silenciadores de TTR, possivelmente em função do tempo de seguimento mais curto nos estudos incluídos. Ambas as terapias, contudo, promoveram melhorias no estado funcional e na redução dos níveis séricos do biomarcador NT-proBNP.

Terapias Modificadoras de Doença para a Cardiomiopatia por Amiloidose por Transtirretina: Uma Revisão Sistemática e Metanálise

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