Arq. Bras. Cardiol. 2022; 119(6): 923-928

Teste de Limiar de Desfibrilação e Seguimento a Longo Prazo de Pacientes com Cardiopatia Crônica da Doença de Chagas

Marco Paulo Cunha Campos, Luiz Fernando Gouveia Bernardes, João Paulo Chaves de Melo, Lucas Corsino dos Santos, Cristiano Honório Ribeiro Teixeira, Maria Licia Ribeiro Cury Pavão ORCID logo , Elerson Arfelli, Adilson Scorzoni Filho, Anis Rassi Jr, José A. Marin-Neto, André Schmidt ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20210770

Este Artigo Original é referido pelo Minieditorial "Limiar de Desfibrilação em Pacientes com Cardiopatia Chagásica Crônica: Há Benefícios ou Não Vale o Risco?".

Resumo

Fundamento

A morte súbita cardíaca (MSC) é a causa mais comum de óbito na cardiomiopatia crônica da doença de Chagas (CCDC). Visto que muitos pacientes com CCDC que são candidatos a receber um cardioversor desfibrilador implantável (CDI) atendem a critérios que sugerem alto risco de apresentarem limiares de desfibrilação elevados, sugere-se realizar um teste de limite de desfibrilação (LDF).

Objetivos

Investigamos o uso do teste de LDF em pacientes com CCDC, com enfoque nos óbitos relacionados ao implante do CDI e na ocorrência de eventos arrítmicos e o tratamento oferecido durante o seguimento de longo prazo.

Métodos

Avaliações retrospectivas de 133 pacientes com CCDC que receberam CDI, principalmente para prevenção secundária. Foram coletados dados demográficos, clínicos e laboratoriais, escore de Rassi e dados do teste de LDF. Adotou-se p<0,05 como estatisticamente significativo.

Resultados

A média de idade foi 61±13 anos, e 72% da amostra era do sexo masculino. A fração de ejeção basal do ventrículo esquerdo foi 40±15%, e o escore de Rassi médio foi 10±4 pontos. Não ocorreram óbitos durante o teste de LDF, e não foram documentadas falhas do CDI. Foi identificada relação entre escore de Rassi basal mais elevado e LDFs mais elevados (ANOVA =0,007). O tempo médio até o primeiro choque foi de 474±628 dias, mas a aplicação de choque foi necessária em apenas 28 (35%) pacientes com TV, visto que a maioria dos casos se resolveu espontaneamente ou através da programação de ATP. Após seguimento clínico de 1728±1189 dias, em média, ocorreram 43 óbitos, relacionados principalmente a insuficiência cardíaca progressiva e sepse.

Conclusões

Um teste de LDF de rotina pode não ser necessário para pacientes com CCDCs que receberam CDI para prevenção secundária. LDFs elevados parecem ser incomuns e podem estar relacionados a escore de Rassi elevado.

Teste de Limiar de Desfibrilação e Seguimento a Longo Prazo de Pacientes com Cardiopatia Crônica da Doença de Chagas

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