Arq. Bras. Cardiol. 2021; 116(5): 1011-1018

Tratamento Percutâneo da Insuficiência Mitral Secundária por MitraClip: Mitra-FR versus COAPT

Sergio Barros-Gomes ORCID logo , Flávio Tarasoutchi ORCID logo , Ana Clara Tude Rodrigues, Lara Ferreira Nhola, Pedro Alves Lemos, Samira Saady Morhy, Claudio Henrique Fischer, Marcelo Luiz Campos Vieira

DOI: 10.36660/abc.20200063

Introdução

A insuficiência mitral (IM) secundária, ou funcional, deve-se a alterações na geometria do ventrículo esquerdo (VE) secundária à disfunção ventricular. Ocorre quando uma doença isquêmica cardíaca ou uma cardiopatia dilatada de qualquer etiologia causa dilatação do VE, dilatação do anel mitral e/ou deslocamento do músculo papilar, resultando em má coaptação das cúspides valvares e refluxo valvar. Dados estatísticos da American Heart Association indicam que 16.250 por milhão de americanos tenham IM secundária,, números que totalizam mais de 5 milhões de casos somente nos EUA, e estima-se que esse número seja ainda maior tendo em vista o contínuo crescimento e envelhecimento da população. Isso é importante, uma vez que a IM secundária acarreta um mau prognóstico e é preditor independente de mortalidade.,

Por muitos anos, a intervenção mecânica da IM secundária (cirúrgica ou percutânea) foi restrita a casos refratários ao tratamento clínico convencional,, com evidência respaldada principalmente por dois importantes estudos do grupo Cardiothoracic Surgical Trials Network., O primeiro estudo randomizou 301 pacientes com IM isquêmica de grau moderado e não encontrou diferenças na geometria ventricular entre os pacientes que receberam revascularização cirúrgica do miocárdico versus a combinação revascularização cirúrgica e reparo valvar mitral. O segundo estudo estudou 251 pacientes com IM grave e não encontrou diferenças com relação à mortalidade, além da maior recorrência de insuficiência mitral e taxas de complicações entre os pacientes tratados com plastia da válvula mitral versus troca valvar. Por causa desses dois estudos, as recomendações da American Heart Association/American College of Cardiology e a Diretriz Brasileira de Valvopatias classificaram a intervenção cirúrgica ou percutânea da válvula mitral como Classe IIb de indicação.

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Tratamento Percutâneo da Insuficiência Mitral Secundária por MitraClip: Mitra-FR versus COAPT

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