Arq. Bras. Cardiol. 2019; 112(2): 129
A Cintilografia de Perfusão Miocárdica com Tomografia Computadorizada por Fóton Único. Ferramenta Diagnóstica Antecipando a Doença
DOI: 10.5935/abc.20180265
Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Estudo de Perfusão Miocárdica em Obesos sem Doença Cardíaca Isquêmica Conhecida".
Sem apreciar qualquer juízo de valor, observa-se na prática clínica contemporânea um percentual vultoso de médicos que solicitam exames para fazer diagnósticos. Observa-se também, por outro lado, um percentual considerável de médicos que fazem o diagnóstico e, eventualmente, pedem exames para confirmar o diagnóstico. Ambas atitudes são consideradas válidas quando o bem comum é alcançado: o benefício dos pacientes. Todavia, a solicitação de exames sem um critério apropriado é danosa não só para o paciente como também para o sistema.
Assiste-se, na medicina recente, um vultoso acervo de exames considerados normais em toda a área do conhecimento médico incluindo-se, nesse cenário, a cardiologia. Em publicação de Dippe Jr et al., nessa edição, os autores, em análise retrospectiva de um banco de dados, encontraram essa tendência. De 5.526 exames de cintilografia de perfusão miocárdica realizados em obesos (grau 1), 77 % deles foram considerados normais. Admitindo-se que os exames foram solicitados para investigação de isquemia miocárdica, os autores relacionaram a presença de déficit de perfusão com isquemia miocárdica em somente 23 %. Diante desses dados, encontraram, após aplicar uma “estatística criativa”, uma relação de 245 % de aumento de risco para angina típica.
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