Arq. Bras. Cardiol. 2020; 114(6): 1049-1050

A Hipotensão Ortostática Infrequente no Brasil: Estamos Subestimando o Problema?

Humberto Graner Moreira ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20200352

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "A Prevalência da Hipotensão Ortostática e a Distribuição da Variação Pressórica no Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto".

A homeostase da pressão arterial (PA) depende de mecanismos fisiológicos complexos que envolvem interações contínuas dos sistemas cardiovascular, renal, neural e endócrino. Esses mecanismos também devem garantir a manutenção do débito cardíaco adequado, mesmo em situações de rápidas variações circulatórias. Uma dessas situações está relacionada às mudanças dinâmicas da postura, de deitado para em pé, quando a rápida redução do retorno venoso pode afetar a pré-carga, o volume sistólico e a pressão arterial média. A hipotensão ortostática (HO) é uma manifestação de disfunção autonômica e ocorre quando os mecanismos adaptativos cardiovasculares falham em compensar essas alterações ao assumir a posição em pé.

O diagnóstico de HO requer a demonstração de diminuição significativa e persistente da PA durante a ortostase, seja pelo teste de se levantar ativamente à beira leito ou pelo teste de inclinação (tilt-test). Diretrizes nacionais e internacionais endossam a definição de HO como uma queda ≥20 mmHg na pressão arterial sistólica (PAS) ou uma queda ≥10 mmHg na pressão arterial diastólica (PAD) dentro de 3 minutos após a posição ortostática, independentemente da presença de sintomas. Essa definição foi estabelecida pela primeira vez por um consenso em 1996 e foi baseada em vários pequenos estudos fisiológicos, além de considerações pragmáticas. Com essa definição, evidências crescentes têm demonstrado que a HO prediz mortalidade por todas as causas , e incidência de doenças cardiovasculares, , sendo ainda mais relevante do que o descenso noturno reverso, observada na monitorização ambulatorial da PA, para predizer eventos cardiovasculares. Uma meta-análise recente envolvendo 121.913 indivíduos e um acompanhamento médio de 6 anos relatou que a HO estava associada a riscos 50, 41 e 64% maiores de morte por todas as causas, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral, respectivamente.

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A Hipotensão Ortostática Infrequente no Brasil: Estamos Subestimando o Problema?

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