Arq. Bras. Cardiol. 2023; 120(7): e20230406

Análise de Desfechos após Parada Cardiorrespiratória Extra-Hospitalar

Thais Rocha Salim ORCID logo , Gabriel Porto Soares ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20230406

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Desfechos após Parada Cardiorrespiratória Extra-Hospitalar de Natureza Clínica e Traumática".

A parada cardiorrespiratória (PCR) é definida como a cessação da atividade mecânica do coração, confirmada pela ausência de sinais de circulação, clinicamente apresentados por irresponsividade, ausência de pulso e respiração ou gasping. A PCR é a via final e mecanismo de morte de diversas situações clínicas ou traumáticas que variam com a idade do paciente e local de ocorrência. A reversão da PCR e o prognóstico após o evento dependem da identificação e instituição de medidas de reanimação de alta eficácia. As taxas de Retorno à Circulação Espontânea (RCE), sobrevida até a alta hospitalar e a condição neurológica a curto e médio prazos são imprecisas e variam na literatura. Em uma metanálise que incluiu 141 estudos da América do Norte, Europa, Asia e Oceania, o RCE ocorreu em 29,7% dos pacientes adultos reanimados no ambiente extra-hospitalar e menos de 10% sobreviveram até a alta hospitalar. As maiores taxas de sobrevida ocorreram na PCR presenciada e com início das manobras de reanimação de forma precoce. Em outra metanálise, que incluiu 44 estudos realizados na Europa, Asia e América do Norte a utilização de circulação extracorpórea na reanimação extra-hospitalar apresentou taxas de sobrevida até a alta de 24%, e 18% dos pacientes apresentaram condições neurológicas favoráveis. Porém, nos estudos avaliados, o tempo para chegada do serviço médico móvel foi inferior a 5 minutos o que pode ter influenciado nos desfechos.

No Brasil, no ambiente extra-hospitalar, a taxa de sobrevida está relacionada ao ritmo da PCR. Os ritmos chocáveis, taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular, correspondem a quase 80% dos eventos e quando a desfibrilação é realizada entre 3-5 minutos do início da PCR a taxa de sobrevida fica em torno de 50% a 70%. Enquanto os ritmos não chocáveis, como atividade elétrica sem pulso e assistolia, a sobrevida é inferior a 17%. Segundo a Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a taxa de sobrevida nas PCRs de etiologia traumática é inferior a 3%. O artigo publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, traz informações importantes sobre as taxas de sobrevida e condições neurológicas nas PCRs extra-hospitalares em uma capital brasileira, o que permite traçar estratégias de prevenção desse evento e aperfeiçoamento das equipes de atendimento à PCR. Trata-se de um estudo de coorte em Campo Grande, Mato Grosso do Sul (MS), Brasil. Foi realizada a coleta retrospectiva das informações das fichas de Atendimento Pré-hospitalar do serviço de atendimento móvel de urgência, de 852 vítimas maiores de 18 anos de PCR extra-hospitalar, ocorrida no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2018. O segmento da coorte foi feito através da coleta de informações dos prontuários das unidades hospitalares em que os sobreviventes foram internados ou por entrevista com os pacientes e seus familiares.

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