Arq. Bras. Cardiol. 2020; 114(4): 699-700

Aterosclerose e Inflamação: Ainda Muito Caminho a Percorrer

Ricardo Wang ORCID logo , Bruno Ramos Nascimento, Fernando Carvalho Neuenschwander

DOI: 10.36660/abc.20200219

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Papel da Interleucina 18 e da Proteína Precursora do Trombo na Doença Arterial Coronariana".

Desde os trabalhos iniciais de Russell Ross sobre a importância da inflamação no desenvolvimento, na instabilização e ruptura da placa aterosclerótica, que podem resultar na síndrome coronariana aguda (SCA) ou acidente vascular encefálico, houve crescimento das publicações sobre as vias de ativação, ampliação e perpetuação do processo inflamatório, que vai além do simples entendimento fisiopatológico, mas principalmente em encontrar oportunidades de tratamentos específicos, com intuito de diminuir o chamado “risco residual” (eventos cardiovasculares que ocorrem em pacientes mesmo com níveis de LDL colesterol dentro das metas terapêuticas). Estima-se que aproximadamente 100.000 casos novos de infarto agudo do miocárdio ocorrem por ano no Brasil, segundo dados do DATASUS, se consideramos taxas de mortalidade de 5-10%, é de se esperar que aproximadamente 90.000 pacientes por ano vão para prevenção secundária. Se todos os pacientes receberem dose máxima de estatina, mesmo assim, em torno de 40% ainda apresentam risco residual de eventos, isto é, 36.000 doentes são de alto risco para novos eventos cardiovasculares.

Nesta edição, foi publicado um estudo sobre o papel da Interleucina-18 (IL-18) e proteína precursora da trombina (TpP) na SCA. A TpP é um marcador da ativação do sistema de coagulação, e neste estudo os autores observaram elevação desta proteína nos pacientes com quadro de SCA, fato que corrobora com a importância do sistema de coagulação neste cenário. , Estudos anatomopatológicos de placas demonstraram que a ruptura da capa fibrótica nem sempre é acompanhada de uma SCA, para uma “tempestade perfeita” é necessário a associação de “placa vulnerável” com “sangue vulnerável” (estado de hipercoagulabilidade). Este estudo corrobora que a TpP pode ser um biomarcador útil para o diagnóstico de SCA.

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Aterosclerose e Inflamação: Ainda Muito Caminho a Percorrer

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