Arq. Bras. Cardiol. 2024; 121(12): e20240735

Desafios e Perspectivas dos Biomarcadores de Fibrose Cardíaca: Do Diagnóstico à Aplicação Clínica

Priscila Portugal dos Santos ORCID logo , Ricardo Luiz Damatto

DOI: 10.36660/abc.20240735

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Biomarcadores Potenciais na Fibrose Miocárdica: Uma Análise Bioinformática".

Conforme relatado por Cheng-Mei et al., a fibrose miocárdica está presente em diversas doenças cardíacas e pode ter impacto negativo no coração. Ela desempenha papel central na disfunção e falência cardíaca em várias patologias, além de ser forte indicador de desfechos clínicos desfavoráveis e de mortalidade. No entanto, é essencial reconhecer que a fibrose é um processo complexo e heterogêneo, que em algumas condições cardíacas pode ter papel importante, como após infarto do miocárdio. Nessa situação, a fibrose atua como um mecanismo reparador, substituindo cardiomiócitos mortos por tecido cicatricial. Essa resposta fibrótica inicial é fundamental para evitar a ruptura cardíaca, complicação grave e fatal, que é uma das principais causas de morte em pacientes com infarto agudo do miocárdio.

A fibrose cardíaca caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de componentes da matriz extracelular (MEC), especialmente colágenos, no miocárdio. É importante compreender que esse processo envolve mais do que apenas a quantidade de colágeno; a caracterização da fibrose inclui também a qualidade do colágeno, a proporção entre os diferentes tipos de fibras e o grau de cross-linking do colágeno. O colágeno tipo I, predominante na MEC cardíaca e vascular, contribui para a resistência e rigidez do tecido devido à sua estrutura espessa e densa. Já o colágeno tipo III, por ser mais flexível, promove a complacência da MEC. A elasticidade do miocárdio é, determinada pela proporção entre as fibras de colágeno tipo I e tipo III., Além disso, o grau de ligações covalentes entre as microfibrilas, ou seja, o cross-linking, é fator crítico na rigidez das fibras de colágeno, tornando-as mais resistentes à degradação e contribuindo para o enrijecimento do tecido., Portanto, para melhor compreensão do processo de fibrose cardíaca, e desenvolvimento de novas terapias e métodos diagnósticos, é fundamental avaliar a quantidade, a qualidade e o grau de cross-linking do colágeno.

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Desafios e Perspectivas dos Biomarcadores de Fibrose Cardíaca: Do Diagnóstico à Aplicação Clínica

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