Arq. Bras. Cardiol. 2019; 113(1): 18-19

Descelularização de Pericárdio Humano com Potencial Aplicação em Medicina Regenerativa

Estela de Oliveira Lima ORCID logo , Adriana Camargo Ferrasi, Andreas Kaasi ORCID logo

DOI: 10.5935/abc.20190130

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Caracterização do Pericárdio Humano Descelularizado para Engenharia de Tecidos e Aplicações de Medicina Regenerativa".

A medicina regenerativa é um ramo interdisciplinar dentro das ciências biomédicas que vem apresentando, a partir da transposição da pesquisa básica para a clínica médica, grande potencial para aplicação terapêutica, tornando-a uma importante representante da medicina translacional. A essência da medicina regenerativa consiste no reparo ou reposição de tecidos e órgãos em que haja deficiência estrutural e funcional. Visando alcançar esse objetivo, várias abordagens vêm sendo propostas, abrangendo terapias que incluem genes, células, arcabouços (scaffolds) biológicos e sintéticos, podendo ou não estar associados em uma mesma estratégia de engenharia tecidual. Quando se trata de utilizar scaffolds sintéticos, é possível manipular e controlar suas propriedades estruturais e mecânicas, entretanto, não é possível garantir a mesma capacidade funcional que um tecido natural. Além disso, um dos grandes desafios é minimizar o risco de reações imunogênicas provocadas pela composição do arcabouço de reparo. Diante dos desafios associados ao restabelecimento funcional e estrutural do microambiente celular, o interesse em scaffolds baseados em matriz extracelular (MEC) natural tem crescido consideravelmente.

Visando a obtenção de um biomaterial que se assemelhe de maneira mais fidedigna ao tecido ou órgão danificado, tanto estrutural quanto funcionalmente, mas também apresente segurança do ponto de vista imunológico, uma nova tecnologia para aplicações clínicas da MEC natural tem sido proposta – a descelularização de tecidos e órgãos de doadores humanos ou animais. Esta tecnologia consiste em utilizar métodos físicos, químicos e/ou bioquímicos para eliminar as células do tecido/órgão alvo, sejam de origem xenogênica ou alogênica, cujos antígenos representam elevado risco de reação imunogênica. Tal processo visa a segurança imunológica e a preservação dos componentes estruturais e funcionais básicos da MEC, como proteínas, colágeno e glicosaminoglicanos (GAGs). Como produto final obtém-se um scaffold tridimensional da MEC de forma análoga ao tecido de origem, com arquitetura ultraestrutural natural preservada e com maior biocompatibilidade e potencial de regeneração tecidual quando comparada a scaffolds sintéticos.

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Descelularização de Pericárdio Humano com Potencial Aplicação em Medicina Regenerativa

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