Arq. Bras. Cardiol. 2018; 111(1): 82-83

Disfunção Ventricular Direita no Lúpus com Hipertensão Pulmonar

Silvio Henrique Barberato

DOI: 10.5935/abc.20180125

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Avaliação Precoce da Função Ventricular Direita em Pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico pelo Strain e Strain Rate".

A importância do ventrículo direito (VD) na fisiologia cardiovascular foi subestimada por décadas. Antes considerado apenas um conduto, sabe-se atualmente que seu desempenho é fundamental para manter a função cardíaca global intacta. Em paralelo, demonstrou-se que a função sistólica do VD é um determinante essencial de desfechos clínicos em diversos cenários e deve, portanto, ser considerada no manejo individualizado dos pacientes. Assim, a necessidade do diagnóstico da disfunção do VD é evidente. Pela ampla disponibilidade, a ecocardiografia é a modalidade de imagem mais utilizada na prática clínica para a avaliação do tamanho e função do VD. Essa análise pode ser dificultada devido à complexa anatomia do VD, de forma que importantes sociedades internacionais de imagem cardiovascular têm recomendado a adição rotineira e sistemática de diversas medidas e técnicas ecocardiográficas., Essa abordagem inclui parâmetros convencionais, tais como diâmetro basal do VD (normal 41 mm), excursão sistólica do plano anular tricúspide (TAPSE – normal 17 mm) e parâmetros avançados, tais como onda s da parede livre do VD ao Doppler tecidual (normal 9,5 cm/s), fração de ejeção ao ecocardiograma 3D (normal 45%) e strain longitudinal da parede livre do VD (normal -20%), entre outros.

Nesse cenário, strain (porcentual de encurtamento sistólico) e strain rate (taxa de velocidade desse encurtamento), calculados por meio do rastreamento de pontos pela ecocardiografia bidimensional (2D speckle tracking ou 2D-STE), emergem como alternativas de destaque na análise da função sistólica do VD. O strain longitudinal da parede livre do VD, ou seja, excluindo o septo interventricular, mostrou valor prognóstico em pacientes com sinais e sintomas de doença cardiopulmonar, tais como insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, hipertensão pulmonar, cardiopatias congênitas, cardiomiopatia arritmogênica do VD e amiloidose. O strain longitudinal do VD é um parâmetro menos dependente do ângulo, com menor variabilidade intra- e interobservador, e aparentemente capaz de detectar precocemente a disfunção ventricular direita. Suas desvantagens incluem a alta dependência da qualidade de imagem e a variabilidade entre os softwares dos equipamentos disponíveis no mercado. Recente consenso internacional foi elaborado para padronizar o emprego do 2D-STE na obtenção do strain do VD. É recomendado o uso específico do corte apical 4 câmaras focado no VD para a correta aferição das medidas do strain. Extremo cuidado deve ser tomado na definição da região de interesse (sigla em inglês ROI) da borda endocárdica (sugere-se ROI de 5 mm), devido ao formato e às paredes finas do VD. O pericárdio deve ser excluído da análise, sob o risco de subestimativa do strain.

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Disfunção Ventricular Direita no Lúpus com Hipertensão Pulmonar

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