Arq. Bras. Cardiol. 2018; 111(5): 654-655
Disparidades de Gênero e Desfechos das Síndromes Coronarianas Agudas no Brasil
DOI: 10.5935/abc.20180210
Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Diferenças Prognósticas entre Homens e Mulheres com Síndrome Coronariana Aguda. Dados de um Registro Brasileiro".
A doença arterial coronariana (DAC) foi considerada durante anos uma “doença masculina”, um conceito que tem influenciado processos de tomada de decisão clínicos e terapêuticos., No entanto, atualmente existem evidências consistentes mostrando que a DAC é uma das principais causas de morte de mulheres. Com base em pools de dados de estudos do National Heart, Lung and Blood Institute (1995-2012), estima-se que no período de um ano após o primeiro infarto do miocárdio, 18% dos homens e 23% das mulheres morrerão, e a mediana do tempo de sobrevida é, acima de 45 anos de idade, 8,2 anos para homens e 5,5 para mulheres. A subestimação do risco cardiovascular em mulheres frequentemente resultou em um tratamento mais conservador e contribuiu para desfechos piores. Na última década, diversos estudos avaliaram a questão das disparidades de gênero no diagnóstico, tratamento e desfechos das síndromes coronarianas agudas (SCA)., Neste contexto, o estudo de Soeiro et al. contribui para a compreensão desse problema, apresentando dados de um registro brasileiro de SCA.
Neste registro multicêntrico, o desfecho primário foi a mortalidade hospitalar por todas as causas, e o desfecho secundário foi a combinação de choque cardiogênico, morte, reinfarto, acidente vascular cerebral isquêmico e sangramento durante um seguimento médio de 8 meses. Como qualquer registro, este apresenta limitações, como a ausência de dados sobre outras doenças, tais como o câncer, bem como dados sobre as diferenças no manejo pós-alta, adesão ao tratamento, entre outros, todos os quais podem influenciar a sobrevivência em qualquer grupo. No entanto, o registro possui um grande número de pacientes (2.437 homens e 1.308 mulheres), e pode oferecer uma visão interessante do cenário brasileiro a respeito das diferenças de gênero nas SCA.
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