Arq. Bras. Cardiol. 2018; 110(6): 512-513

Doenças Cardiovasculares em Português: A Importância da Medicina Preventiva

Fausto J. Pinto

DOI: 10.5935/abc.20180103

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Epidemiologia das Doenças Cardiovasculares em Países de Língua Portuguesa: Dados do “Global Burden of Disease“, 1990 a 2016".

As doenças cardiovasculares (DCV) representam a principal causa de mortalidade e morbidade em todo o mundo. Muitas dessas patologias cardiovasculares deixam sequelas significativas com repercussão maior na vida das pessoas afetadas, daí a relevância de se conhecer bem a sua importância, bem como os fatores associados, de forma a desenvolver as medidas preventivas que permitam reduzir o seu impacto.

O trabalho apresentado neste número dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia faz uma avaliação epidemiológica das DCV nos países de língua oficial portuguesa (PLP) no período de 1996 a 2016, sendo, nesse sentido, absolutamente inédito e, como tal, muito relevante. Apesar de algumas limitações, sempre presentes em trabalhos desse gênero, é um documento de grande mérito e que permite tirar conclusões muito interessantes. Desde logo, o fato de fazer uma análise numa perspectiva diferente da habitual, incidindo num conjunto de países dispersos pelo mundo, tendo a língua e uma base cultural comum, mas inseridos em pontos geográficos totalmente distintos. Naturalmente que, num estudo desse gênero, o impacto dos aspectos locais, como estruturas sanitárias, políticas de saúde, condições econômico-políticas, entre outras, nos resultados observados tem de ser devidamente enquadrado, o que é feito com bastante elegância nesse trabalho. Os autores concluem, de forma clara, que existem grandes diferenças na importância relativa da carga de DCV nos diferentes PLP e indicam que essas diferenças estão diretamente relacionadas com as condições socioeconômicas de determinado país. Entre as DCV, a doença isquêmica coronariana é a principal causa de morte em todos os PLP, com exceção de Moçambique e São Tomé e Príncipe. Também se conclui que os fatores de risco atribuíveis mais relevantes para as DCV são comuns entre os PLP, sendo eles a hipertensão arterial e os fatores dietéticos. Os autores também concluem que “Possivelmente os fatores genéticos, implícitos na identidade cultural, os fatores inerentes ao hospedeiro, bem como as enormes desigualdades sociais tenham contribuído para a explicação das mortalidades observadas”. Um outro ponto a se realçar consiste na observação de uma redução generalizada de mortalidade por DCV, que, embora não tendo a mesma intensidade em todos os países, foi um denominador comum.

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