Arq. Bras. Cardiol. 2025; 122(5): e20250295
Ecos do Passado: A Intrigante Ligação entre a Doença de Chagas e a Insulina
Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Redução dos Níveis de Insulina em Pacientes com Doença de Chagas Aguda na Amazônia Brasileira Tratados com Benznidazol".
A doença de Chagas é atualmente classificada como uma das várias doenças tropicais negligenciadas e como uma das cinco infecções parasitárias negligenciadas priorizadas pela Organização Mundial da Saúde e pelo Centro de Controle de Doenças para intervenção em saúde pública. Isso ressalta o fato de que o agente causador da tripanossomíase americana existe há aproximadamente 9.000 anos, com amostras positivas datando de 7050 a.C. O ciclo de vida do Trypanosoma cruzi (T. cruzi) compreende diversas transformações morfológicas envolvendo hospedeiros mamíferos e vetores, onde três diferentes estágios principais de desenvolvimento são identificados: epimastigotas, tripomastigotas e amastigotas. Tradicionalmente, sabe-se que o T. cruzi tem como alvo o coração e o trato gastrointestinal; no entanto, seu parasitismo também resulta em alterações estruturais e efeitos pró-inflamatórios no tecido adiposo e no pâncreas.
Nesta edição dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, um estudo longitudinal de Barbosa-Ferreira et al. avaliaram os níveis de insulina, adiponectina e leptina antes e depois do tratamento da doença de Chagas aguda com benznidazol. Vinte e oito indivíduos foram divididos em dois grupos: um grupo controle (15 indivíduos) e um grupo com doença de Chagas aguda (13 indivíduos). Os autores não encontraram diferenças significativas nos níveis séricos de adiponectina e leptina entre os grupos. Em contraste, os níveis séricos de insulina foram menores no grupo com doença de Chagas aguda, tanto antes quanto depois do tratamento, em comparação ao grupo controle. Além disso, os níveis de insulina foram menores na fase pós-tratamento em comparação à fase pré-tratamento.
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Palavras-chave: Doença de Chagas; Insulina
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