Arq. Bras. Cardiol. 2021; 116(5): 865-866
Em Busca da Perfusão Coronariana Perfeita
Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Comparação dos Resultados entre os Fenômenos de No-Reflow e Slow-Flow Coronariano em Pacientes sem IAMSSST".
Desde a faculdade, sempre ouvimos que “tempo é músculo”, e que quanto mais rápido reperfundimos uma artéria culpada por uma síndrome coronariana aguda (SCA), melhor para o paciente. Com o passar do tempo, a cardiologia baseada em evidências nos ensina que nem toda artéria aberta é igual. O fato de termos uma artéria com fluxo TIMI 3 parecia ser suficiente para definir o prognóstico do paciente. No entanto, após o conceito de isquemia microvascular, passamos a nos importar também com a perfusão dos pequenos vasos.,
Tendo em vista essa preocupação, surgiu o conceito de no reflow, que significa que mesmo após a recanalização de uma artéria culpada, haveria o risco do não restabelecimento do fluxo tecidual relacionado a aquele território miocárdico. Voltando mais no tempo, desde 1972 já havia sido descrito o fenômeno de slow flow, que é a lentificação da opacificação na ausência de doença coronariana obstrutiva epicárdica, mantendo a perfusão miocárdica. O slow flow parece ser mais comum em pacientes com síndrome metabólica, do sexo masculino e tabagistas. Tanto o fenômeno de no reflow quanto o de slow flow estão associados a desfechos cardiovasculares significativos; o primeiro caso está relacionado à disfunção ventricular e ao remodelamento cardíaco;, e o segundo caso, às arritmias ventriculares ou à morte súbita,, além de angina refratária.
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