Arq. Bras. Cardiol. 2023; 120(11): e20230743

Legumain – Outra Peça no Complexo Quebra-Cabeça da Formação e Vulnerabilidade da Placa Aterosclerótica

Ana Teresa Timóteo ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20230743

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Relação entre Níveis Plasmáticos Aumentados de Legumain e Propriedades da Placa Aterosclerótica Coronária".

O processo de formação de placas ateroscleróticas nas paredes arteriais é um processo muito complexo. O desenvolvimento da placa ocorre devido a uma interação entre células endoteliais, células musculares lisas e células imunológicas. Há aumento da permeabilidade endotelial e ativação de moléculas sinalizadoras, incluindo mediadores inflamatórios e moléculas de adesão celular. Além disso, as lipoproteínas circulantes (particularmente as lipoproteínas de baixa densidade – LDL) podem atravessar a camada endotelial e depositar-se no espaço íntimo, onde sofrem alterações oxidativas (LDLox), aumentando a resposta inflamatória local. Além disso, os monócitos amadurecem em macrófagos, sendo recrutados através de quimiocinas atrativas, e enquanto tentam eliminar o LDLox através de fagocitose, são convertidos em células espumosas e, por fim, sofrem necrose. Além disso, as células musculares lisas vasculares (CMLVs) proliferam e migram da camada média para a íntima, levando à hiperplasia intimal, e essas células se organizam e depositam matriz extracelular, formando uma capa fibrosa. A erosão ou ruptura da capa fibrosa levará à oclusão trombótica ou embolia distal, resultando em isquemia.

Neste processo, as metaloproteinases de matriz (MMPs) desempenham um papel importante. As MMPs são uma família de endoproteases dependentes de zinco que são secretadas por células endoteliais, CMLVs, fibroblastos, osteoblastos, macrófagos, neutrófilos e linfócitos. Durante o desenvolvimento estável da placa aterosclerótica, a MMP-2 cliva a sintase do óxido nítrico endógeno, causando disfunção endotelial e facilitando a infiltração de LDL na íntima. Então, a MMP-2 expressa por plaquetas ativadas promove a transmigração de monócitos para a íntima. A MMP-2 também facilita a migração de CMLVs induzidas por LDLox para a íntima, formando a capa fibrosa. Portanto, pode induzir a migração e proliferação de CMLVs, aumentando a estabilidade da placa. No entanto, os níveis de MMP-2 são mais elevados em placas ateroscleróticas instáveis do que em estáveis, indicando que a MMP-2 desempenha um papel na vulnerabilidade da placa e na propensão à ruptura. Participam da degradação da matriz extracelular (MEC), o que causará adelgaçamento da capa fibrosa da placa, tornando-a mais propensa à ruptura.

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Legumain – Outra Peça no Complexo Quebra-Cabeça da Formação e Vulnerabilidade da Placa Aterosclerótica

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