Arq. Bras. Cardiol. 2018; 110(5): 428-429

Nem Tudo que Reluz é Cálcio

Ilan Gottlieb, Fernanda Erthal

DOI: 10.5935/abc.20180084

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Placa Aterosclerótica à Angiotomografia de Coronárias em Pacientes com Escore de Cálcio Zero".

Calcificação coronariana é parte do processo fisiopatológico da aterosclerose, ocorrendo nos estágios mais tardios da doença, como parte do seu processo de cicatrização. De fato, a calcificação não é necessária para o aparecimento ou crescimento da placa, e obstrução luminal, ou mesmo para a ocorrência de eventos cardiovasculares – é frequente uma placa aparecer, crescer, obstruir e instabilizar sem nenhuma aparente calcificação. Em um estudo clínico realizado com pacientes sintomáticos, nosso grupo demonstrou que 20% dos vasos completamente ocluídos na angiografia invasiva não apresentava calcificação alguma no escore de cálcio, corroborando trabalhos histopatológicos que demonstraram ausência de calcificação em grande parte das placas coronarianas. Entender a fisiopatologia da doença coronariana é fundamental para contextualizar o escore de cálcio zero nos estudos populacionais.

Esses estudos ocasionalmente divergem sobre a taxa de eventos cardiovasculares e presença de lesões obstrutivas. A explicação para essa aparente divergência de achados reside na população estudada. Pacientes assintomáticos com escore de cálcio zero são diferentes de pacientes sintomáticos sem calcificações, que por sua vez são diferentes de pacientes com história familiar de doença coronariana precoce, diabéticos ou tabagistas com escore zero.

[…]

Nem Tudo que Reluz é Cálcio

Comentários

Pular para o conteúdo