Arq. Bras. Cardiol. 2024; 121(11): e20240604

O Estudo ACCEPT e o Manejo da Doença Isquêmica Miocárdica no Brasil: Desafios e Oportunidades em um País Continental

Henrique Tria Bianco ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20240604

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível de ST e Terapia de Reperfusão no Brasil: Dados do Registro ACCEPT".

A doença isquêmica miocárdica, particularmente em sua manifestação aguda como síndrome coronariana aguda (SCA), permanece como um dos principais desafios de saúde pública no Brasil e no mundo., Neste contexto, o estudo ACCEPT (Acute Coronary Syndrome Registry) emerge como uma fonte crucial de informações epidemiológicas e clínicas sobre o manejo das SCA no cenário brasileiro, com o objetivo de avaliar as terapias baseadas em evidência, a ocorrência de desfechos, uso de reperfusão e preditores para não receber reperfusão nos pacientes com SCACEST em um registro nacional multicêntrico.,

O Brasil, com suas dimensões continentais e marcantes disparidades regionais, apresenta um desafio único na implementação de estratégias uniformes para o tratamento das SCA. O estudo ACCEPT não apenas fornece dados valiosos sobre a prevalência e os tipos de SCA encontrados no país, mas também lança luz sobre as diferentes abordagens terapêuticas adotadas em diversas regiões. A revascularização miocárdica é um pilar fundamental no tratamento das SCA, especialmente no infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do Segmento-ST (IAMCSST). O ACCEPT demonstra que, embora a ICPp (Intervenção Coronária Percutânea Primária), primária seja considerada o padrão-ouro para o IAMCSST, sua disponibilidade e aplicação variam significativamente entre as regiões brasileiras. Em áreas metropolitanas e centros de referência, a ICP primária é frequentemente a primeira escolha, alinhando-se com diretrizes internacionais que recomendam sua realização dentro de 90 minutos após o primeiro contato médico. Contudo, em regiões menos desenvolvidas ou rurais, onde o acesso a centros de hemodinâmica é limitado, a fibrinólise ainda desempenha um papel crucial como estratégia de reperfusão inicial. Esta disparidade regional no acesso a recursos avançados de saúde ressalta a importância de estratégias adaptativas no manejo das SCA. A abordagem fármaco-invasiva, que combina fibrinólise inicial com transferência subsequente para ICP, emerge como uma alternativa promissora em cenários onde o acesso imediato à ICP não é viável.

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O Estudo ACCEPT e o Manejo da Doença Isquêmica Miocárdica no Brasil: Desafios e Oportunidades em um País Continental

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