Arq. Bras. Cardiol. 2021; 117(2): 350-351
Padrão Eletrocardiográfico de Brugada – Dificuldades no Reconhecimento de uma Condição Potencialmente Letal
Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Prevalência e Características Relacionadas de Pacientes com Eletrocardiograma com Padrão de Brugada em Santa Catarina, Brasil".
O achado de uma peculiar elevação do segmento ST nas derivações precordiais direitas foi inicialmente considerado uma variante do normal. A primeira pista de que esse sinal eletrocardiográfico (ECG) e a morte cardíaca súbita (MSC) poderiam estar associados surgiu a partir de uma série de casos veiculada em 1989. Três anos depois, Brugada et al. publicaram um relato de oito pacientes que apresentavam bloqueio de ramo direito, elevação persistente do segmento ST em V1-3 e episódios múltiplos de fibrilação ventricular, uma nova síndrome clínica e eletrocardiográfica mais tarde batizada pelo sobrenome desses autores. Hoje, a síndrome de Brugada (SB) ainda atrai muito interesse devido à sua alta prevalência em regiões específicas do mundo e letalidade potencial em adultos jovens que, sob outros aspectos, seriam saudáveis.,
Responsável por 4% a 12% de todos os casos de MSC no mundo e por um quinto dos que acontecem em corações estruturalmente normais, a SBr é uma cardiopatia autossômica dominante, com penetrância incompleta quanto a sexo e idade, causada por canais de sódio disfuncionais., Embora geralmente silenciosa, a SB se destaca clinicamente pela predominância do sexo masculino, e manifestação entre a terceira e a quinta décadas de vida. Os pacientes acometidos exibem alterações eletrocardiográficas e maior suscetibilidade a arritmias cardíacas. Os sintomas, quando presentes, podem variar desde síncope até MSC, dependendo do tipo e da duração dos eventos arrítmicos, que quase sempre ocorrem em repouso ou condições vagotônicas.
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