Arq. Bras. Cardiol. 2021; 117(1): 26-27

Regressão do Supradesnivelamento do Segmento ST como Preditor de Reperfusão no Infarto Agudo do Miocárdio: Uma Incógnita Persistente

Frederico V. B. Macedo, Domingos Sávio G. Ferreira Filho, Marcelo Augusto A. Nogueira, Victor Raggazzi H. da Silva ORCID logo , Bruno R. Nascimento ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20210426

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Acurácia da Redução do Segmento-ST Pós-Trombólise como Preditor de Reperfusão Adequada em Estratégia Fármaco-Invasiva".

A doença isquêmica do miocárdio é a principal causa de morte no mundo, assim como no Brasil. Sua apresentação de maior gravidade é o infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST), que tem na reperfusão precoce a principal terapia para diminuição da mortalidade. Embora a intervenção coronária percutânea (ICP) primária seja considerada o tratamento “padrão ouro” para o IAMCSST, ela não está suficientemente disponível, e o acesso a ela é ainda desigual., O eletrocardiograma (ECG) é a principal ferramenta para o diagnóstico precoce do IAM e para a decisão sobre a terapêutica a ser implementada. Considerando-se a facilidade de obtenção, disponibilidade e praticidade do ECG na emergência, a redução do supradesnivelamento do segmento-ST (RST) é proposta como a melhor ferramenta para predizer o sucesso terapêutico pós-trombólise. No entanto, o método tem reconhecidas limitações, que têm motivado investigações adicionais.

Neste contexto, o artigo “Acurácia da Redução do Segmento-ST Pós-Trombólise como Preditor de Reperfusão Adequada em Estratégia Fármaco-Invasiva” propõe avaliar as alterações no segmento ST pós-fibrinólise e seu poder de predizer reperfusão adequada utilizando-se os escores angiográficos TIMI-flow e o blush miocárdico (MBG) como critérios de reperfusão ideal. Nesse estudo, 2.215 pacientes com diagnóstico de IAMCSST foram submetidos à fibrinólise e encaminhados para angiografia em até 24h, ou imediatamente encaminhados à ICP de resgate em caso de insucesso. O ECG foi realizado pré-TNK e 60 min após, e os pacientes foram categorizados em: aqueles com reperfusão ideal (TIMI-3 e MBG-3) e aqueles com reperfusão inadequada (fluxo TIMI <3). Foi definido como critério de reperfusão ao ECG a RST >50%. O critério de reperfusão pelo ECG apresentou valor preditivo positivo (VPP) de 56%; valor preditivo negativo (VPN) de 66%; sensibilidade de 79%; e especificidade de 40%. Houve fraca correlação positiva entre a RST e dados angiográficos de reperfusão ideal (r=0,21; p<0,001) e baixa precisão diagnóstica, com área sob a curva ROC de 0,60 (IC95%; 0,57-0,62). Os resultados evidenciaram que a RST, não conseguiu identificar com precisão os pacientes com reperfusão angiográfica apropriada. Portanto, propõe-se que mesmo pacientes com reperfusão aparentemente bem-sucedida ao ECG devem ser encaminhados à angiografia, para garantir fluxo macro/microvascular adequado.

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Regressão do Supradesnivelamento do Segmento ST como Preditor de Reperfusão no Infarto Agudo do Miocárdio: Uma Incógnita Persistente

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