Arq. Bras. Cardiol. 2025; 121(12): e20240707

Regurgitação Mitral após Infarto Agudo do Miocárdio: Uma Condição Multifacetada

Carlos Henrique Miranda ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20240707

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "IAMSST e Regurgitação Mitral Isquêmica: Incidência e Resultados Clínicos de Longo Prazo com Relação à Estratégia de Tratamento".

Existem duas causas principais de regurgitação mitral (RM) após infarto agudo do miocárdio (IAM). Primeiro, a ruptura parcial ou completa do músculo papilar leva à RM; neste caso, o reparo cirúrgico é obrigatório. Felizmente, a prevalência desta condição é baixa, em torno de 0,05%. Segundo, a válvula e o aparelho subvalvar são normais, e a RM resulta da amarração do folheto e da dilatação regional do ventrículo esquerdo. O mecanismo primário é a separação e a angulação excessiva do músculo papilar relacionada ao movimento regional da parede na área do infarto do miocárdio. Essa segunda apresentação é chamada de fenótipo “funcional”. Esta RM funcional é um achado ecocardiográfico comum após IAM. Uma investigação recente mostrou uma RM leve em 76%, RM moderada em 21% e RM grave em 3% dos pacientes após IAM. Vyas et al. encontraram uma prevalência significativa de RM (moderada + grave) de 7,21% após infarto do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST (IAMSSST). Um aspecto importante a destacar é que a maioria dos estudos anteriores analisou a prevalência de RM em todos os tipos de infarto do miocárdio juntos ou IAM com supradesnivelamento do segmento ST sozinho. A prevalência real de RM no IAMSST era desconhecida, e este estudo mostrou uma prevalência considerável de RM neste cenário.

De acordo com outros estudos anteriores,, esta investigação recente mostrou que a RM significativa piora o prognóstico dos pacientes, aumentando o risco de morte, edema pulmonar, insuficiência cardíaca e choque cardiogênico. Não há dúvidas sobre o impacto clínico da RM após IAM. O problema mais significativo é que a mortalidade associada a essa complicação não mudou por décadas, e ainda há muitas dúvidas sobre o melhor manejo desses pacientes. Outra característica merece ser comentada: as repercussões clínicas da RM grave são muito mais documentadas do que as da RM moderada, e essa classificação é crítica na tomada de decisões sobre o tratamento. Nesta investigação recente, os pesquisadores analisaram a RM moderada e grave juntas, chamadas de RM significativa; era compreensível devido ao pequeno tamanho da amostra de RM grave; no entanto, no cenário clínico, essas duas classificações têm desfechos totalmente diferentes durante o acompanhamento.

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Regurgitação Mitral após Infarto Agudo do Miocárdio: Uma Condição Multifacetada

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