Arq. Bras. Cardiol. 2020; 115(2): 238-240

Seria a Revascularização Completa Verdadeiramente Superior à ICP apenas da Lesão Culpada em Pacientes que Apresentam Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST?

Christina Grüne de Souza e Silva ORCID logo

DOI: 10.36660/abc.20200640

Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Revascularização Completa Versus Tratamento da Artéria Culpada no Infarto com Supradesnivelamento do Segmento ST: Registro Multicêntrico".

A intervenção coronariana percutânea primária (ICP) é uma terapia padrão para pacientes com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) e seu objetivo é restaurar o fluxo sanguíneo para a artéria coronária considerada causadora do infarto do miocárdio (conhecida como artéria culpada). Em até metade desses pacientes, estenoses importantes em uma ou mais artérias coronárias que não são responsáveis pelo infarto do miocárdio (lesões não-culpadas) também podem ser vistas durante a angiografia-índice. Como os pacientes com IAMCSST e doença arterial coronariana (DAC) multiarterial têm piores resultados clínicos em comparação com pacientes com doença uniarterial, questionou-se se o tratamento por ICP de todas as lesões não-culpadas significativas após a ICP primária (revascularização completa) poderia melhorar o prognóstico.

Uma série de ensaios clínicos randomizados (ECR) abordaram esse tópico, comparando os resultados de pacientes com IAMCSST e DAC multiarterial que foram submetidos a revascularização completa versus tratamento por ICP somente da lesão culpada (revascularização incompleta). Anteriormente, ECRs de tamanho intermediário mostraram que a revascularização completa é segura e reduz o risco de desfechos compostos, com resultados impulsionados predominantemente pela diminuição do risco de revascularização subsequente. Recentemente, o estudo COMPLETE ( Complete versus Culprit-Only Revascularization Strategies to Treat Multivessel Disease after Early Percutaneous Coronary Intervention [PCI] for STEMI ), um ECR maior, mostrou que o risco do desfecho composto por morte cardiovascular ou infarto do miocárdio recorrente foi menor no grupo de revascularização completa do que no grupo de ICP apenas da lesão culpada em pacientes com IAMCSST, com esse benefício tendo sido impulsionado por uma redução de novo infarto. Além disso, na maior meta-análise de ECRs realizada até o momento abordando este tópico, a revascularização completa foi associada a uma redução da mortalidade cardiovascular em comparação com a ICP apenas da lesão culpada em pacientes com IAMCSST e DAC multiarterial sem choque cardiogênico à apresentação ( odds ratio , 0,69; intervalo de confiança de 95% [IC95%], 0,48-0,99; p = 0,05).

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Seria a Revascularização Completa Verdadeiramente Superior à ICP apenas da Lesão Culpada em Pacientes que Apresentam Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST?

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