Arq. Bras. Cardiol. 2025; 122(2): e20250142
Sobrevivência com CDI na Insuficiência Cardíaca: Realmente necessário ou Apenas um Viés de Seleção?
Este Minieditorial é referido pelo Artigo de Pesquisa "Desfechos Clínicos e Mortalidade em Pacientes com Cardioversor-Desfibrilador Implantável para Prevenção Primária".
Preditores de mortalidade: O papel da avaliação clínica pormenorizada
A relevância de uma boa consulta médica deve ser rememorada quando trata-se da avaliação desses casos, através de uma anamnese conseguimos extrair possíveis preditores de mortalidade, como por exemplo: idade, FEVE, valor de BNP e/ou NT-proBNP, doença arterial coronariana (DAC), diabetes mellitus, insuficiência renal crônica, ritmo basal, hospitalização por IC e NYHA >2. A partir do descrito, o trabalho de Başkurt et al. traz valores como BNP > 508,5 pg/mL (ROC: S 69% e E 69%), FEVE < 24,5% (ROC: S 54% e E 63%) e idade > 68,5 anos (ROC: S 62% e E 62%) e hospitalização por descompensação como fatores independentes de mortalidade por todas as causas; já a DAC não foi um fator de risco independente., Estudos similares, como por exemplo, Bilchick et al. que analisou uma coorte expressiva (n. 45.000) também conferiram dados semelhantes, onde o paciente mais crítico e com mais comorbidades possuem maior risco de desfecho negativo.
Destarte, a necessidade de um escore de risco vem sendo discutido e validados ao decorrer do tempo, por exemplo: MADIT-II ICD Risk Stratification Score e o Seattle Heart Failure Score mas há diferenças importantes entre os dois: presença de terapia de ressincronização associada (modelo de Seattle não inclui), diferença na definição de arritmia grave e morte arrítmica (MADIT-ICD Benefit Score usa arritmias potencialmente fatais como marcador de morte arrítmica, enquanto outros estudos utilizaram uma distinção entre morte súbita e não súbita) e validação atualizada com coorte contemporânea. O escore de benefício MADIT-ICD proposto em 2021 vem para melhorar a estratificação de risco, visando auxiliar a decisão clínica individualizada através da identificação de candidatos à implantação primária de CDI com maior potencial de benefício para a sobrevida, ou seja, aqueles em que o risco previsto de TV/FV é superior ao risco concorrente de mortalidade não arrítmica.
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Palavras-chave: Desfibriladores Implantáveis; Insuficiência Cardíaca; Prevenção Primária
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